terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Insanidade
“Desejo Insano”

É que nem todo desejo certamente chegará ao seu objetivo.
Nem todos eles podem ter um fim.
A alma do desejo é a “coisa”. Muitas vezes, não a coisa por si só.
Mas, a criação superlativada que fazemos dela.
O desejo é alimentando pelo até então ilusório sonho de ser algo, realidade.

Eu tropecei em meu desejo. De certezas tive apenas lampejos.
O desejo virou tormento dentro do meu corpo inteiro, sedento.
Rasguei-me de vontade todos os dias. Vesti, respirei, bebi e comi meu desejo,
Apenas na metáfora de ser, pois o real de repente escorreu pela possibilidade de não ser.

Meu desejo fantasiou-se de duvida, angústia e insanidade.
Sambou um carnaval inteiro da maneira mais sádica que se pode ser.
Perdi o controle, o rumo, a razão de comigo para comigo mesmo.

Tudo isso aconteceu, por que quando a coisa se tornou quase tocável
Criou vontade e sentiu outro desejo.
O meu desejo brigou com o desejo da própria coisa desejada.
E continua assim, nesse rumo sem fim.


                                                                                              Rafael Fernandes.
Do Desejo, por Alice Caymmi