RITMO
Sem ritmo,
fica tudo mais difícil. Observando a hermenêutica dos movimentos internos que
norteiam o pensamento e os sentimentos humanos, podemos perceber que tudo tem
um ritmo. Mesmo que este não seja contínuo, mesmo que hora seja um gênero, hora
seja outro, algumas vezes mais lento, vezes mais acelerado, vezes mais
melancólico, outras mais alegres, mais vívidos, nunca deixamos de ter um ritmo
que tange nossos sentimentos e nossas ações ou reações.
Tendo pensado
um pouco nos últimos tempos sobre esses ritmos que regem os movimentos humanos,
concluí claro, com respeito a todos os outros gostos e preferências, que o
Samba é o mais importante! Mas espera um pouco, estou falando aqui de ritmo de
pensamento, ritmo de vida, ritmo de sentimento e não de ritmo musical. E quem
falou que ritmo é só de musica ou só de gente, sentimento, dança, trânsito,
pensamento ou relacionamento? Ritmo não é só de uma coisa ou só de outra, ritmo
é ritmo em qualquer situação, até mesmo energeticamente falando, até mesmo nas
formas mais etéreas de que se manifesta a matéria e seus átomos e os elementos
outros que os compõem. Tudo tem ritmo, mesmo que não se saiba disso. Eu elegi o
Samba como o melhor deles.
Bom, chega de
introdução bonita na dissertação e vamos para os argumentos de por que do
Samba. Esse ritmo tão alegre, tão cheio de energia, tão “Serelepe” e suave ao
mesmo tempo, é um gênero musical, do qual deriva
de um tipo de dança de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações
culturais populares brasileiras. Não é atoa que podemos dar as mesmas
qualidades ao povo brasileiro. Mas não, antes de tudo não é brasileiro! O samba
é afro descendente! É mais uma herança cultural destes povos que foram forjados
e forçados a deixar o continente Africano para nos servir de maneira nada
humana, ou sei lá, podemos dizer até que de maneira mundana, por que de Deus
para quem acredita nele e em sua bondade isso não foi. Esses povos que foram
trazidos para o Brasil e torturados no corpo na alma e no coração, trouxeram
além da tristeza eminente, um ritmo muito contrário a toda essa situação,
tocado em tambores nas rodas dos terreiros da casa grande ou nas Senzalas
trazia alegria, trazia boa energia e sinônimo de festa, talvez também uma forma
de cantar a dor. Foi no Recôncavo Baiano que o Samba brasileiro ganhou
identidade e daí, se espalhou por todo país. O termo Samba é originário de uma das
muitas Línguas africanas, possivelmente do Quimbundo, onde "sam" significa "dar", e "ba" "receber" ou "coisa que cai". Ainda há uma versão que diz que a palavra samba
vem de outra palavra africana, semba, que significa umbigada.
Poderia aqui contar toda a
história do samba, seu sucesso nacional e mundial, mas esse não exatamente é o
foco deste “escrivinho”. Escolhi o Samba
como melhor ritmo brasileiro, por que ele descreve com suas características, as
características do povo brasileiro. Um ritmo de alto astral, com um fundo
triste e sempre positivo, de batuques fortes e nunca desanimadores. Feliz daquele
que sabe sambar! Feliz daquele que quando ouve o cavaquinho, o pandeiro, o
surdo o tamborim e o bandolim, consegue sair dançando, de braços abertos e
sacudindo o que conseguir! Me lembro de algumas passagens nessa minha vida, nas
que o samba esteve presente, sempre foram felizes. Até mesmo quando tentava
ensinar uma pessoa muito querida a sambar. Nas nossas festas ou reclusões em
montanhas para celebrar o amor e a amizade, quando tocava um samba no rádio eu
saia sambando, e tentava lhe ensinar o arrastar dos pés, mas dali nada saía,
apenas tentativas e muitas risadas no jeito engraçado que tudo se tornava o
corpo ao se tentar sambar! Quantas saudades disso! Com certeza, um samba daria
esta história.
Por fim, poderia escrever
um livro ao invés de uma dissertação sobre o Samba, por que muito temos para contar sobre ele. Muita coisa
sobre o samba não falei aqui, por que não caberia mesmo. Mas, gostaria de
ressaltar as comparações ao ritmo e ao sentimento. O Samba é para se cantar
triste ou alegre, chorando ou sorrindo, de coração doendo ou não, o samba está
em tudo! “Não deixe o Samba morrer, não deixe o Samba acabar”...
Rafael Fernandes de Souza
Pelo
Telefone é
considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil segundo a maioria dos autores, a
partir dos registros existentes na Biblioteca Nacional.
Composição de Donga e Mauro de
Almeida (registrada em 27 de
novembro de 1916 como sendo de autoria
apenas de Donga foi concebida em um famoso terreiro de candomblé daqueles tempos, a casa da Tia Ciata, frequentada por grandes músicos da época. Por ter sido um grande sucesso e
devido ao fato de ter nascido em uma roda de samba,
de improvisações e criações conjuntas, vários foram os músicos que reivindicaram a autoria da composição.
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